Brooklyn (2015)

É um filme sobre raízes o quanto nos custa sair da casa da mamã; sobre independência, e como isso sem nos apercebermos passa a fazer parte de nós. Saiu da Irlanda sem nada, e quando voltou parecia que podia ter tudo, emprego e amor, coisa que antes parecia a décadas de distância. Confesso que entre um homem amoroso italiano e o Domhnall Gleeson, até eu poderia ter problemas no paraíso.

A forma como ela se apercebeu onde era o seu verdadeiro lar, fora talvez, não o melhor. Acho que ninguém precisa de uma beata a falar mal de nós para nos apercebermos que o homem que amamos de verdade está do outro lado do mundo. Podemos chamar a isso um "wake up call", mas sinceramente, casando com alguém por quem sentimos amor de verdade, acho redundante o que as outras pessoas possam pensar.

Na realidade podia definir este filme, como a história de uma mulher que encontrou o seu lar além fronteiras, sem querer perder as suas raízes e a essência daquilo que conhece de si mesma, apercebendo-se depois que a evolução do ser, do existir, não é nada mais senão maravilhoso. Não há nada melhor do que aquela sensação de conquista. Já não somos o "eu" de ontem, estamos sempre em constante mudança, e que maravilhoso é perceber quando a mudança foi para melhor.

No entanto, não entendo o que este filme está a fazer em tantas nomeações para os Oscars. É um filme querido e fofinho, cheio de boas mensagens, mas não tem edge, aquele momento onde se viraram as mesas, ou aquele momento de força que nos dá garra. É fofo e querido como tantos outros romances que saíram durante o ano todo de 2015. Esta nomeação fora quanto a mim estranha.