Nocturnal Animals (2016)

terça-feira, janeiro 24, 2017 by


É uma doce e subtil vingança (remeto para o pormenor do quadro preto e branco que aparece no filme e da importância que lhe deram), apresentada da forma mais magnífica e enigmática de sempre.

Depois de um divórcio injusto e impróprio, coube a este artista abandonado, criar a obra prima necessária para deitar abaixo todos os felizes sonhos da ex-mulher.

Ela mesmo chegou a dizer que tentou uma vez entrar em contacto com ele, e ele não lhe retribuiu a chamada. Ou seja, ele não tinha interesse em voltar a falar com ela. Ainda assim depois de 19 anos, decidiu enviar-lhe uma cordial carta, junto com um livro "muito diferente daquilo que ele costuma escrever" (pode ser que deste já gostes - take a hint, bitch) e que está disponível para posterior café antes de o publicar.

Título e livro dedicado a ela, torna o assunto automaticamente pessoal. Se fosse um romance, poderia ser coisa para interpretar como "ainda te amo, volta.", num caso de assassinato e crime, diria que se trata de algo completamente diferente.

Tudo o que ela usou para o "destruir" volta, posteriormente, para a atormentar. Achei um pormenor inteligente, quando o último criminoso do "livro" diz que finalmente se lembra da sua mulher, usando o expressão: "És demasiado fraco! Fraco!", justamente aquilo que na vida real a mulher lhe disse antes de o deixar. Seguido de um tiro mortal sobre o criminoso. Um ponto final sobre o assunto da "fraqueza" e falta de pujança.

Se o final deste filme cabe a cada um interpretar, então vejo que no final quando a personagem/marido morre, quando ele sai daquela situação terrível e deita o último suspiro, pode muito bem ser uma espécie de simbolismo. Tudo morreu na história, os bons e os maus. A tristeza, a mágoa, o amor... tudo morreu.

O amor entre eles os dois nunca faltou, faltava sim confiança, compreensão e luta. Depois de tantos anos, e agora com esse assunto arrumado, tudo o que ele queria era que ela gostasse de uma obra dele e que o elogiasse por isso. Ela sempre pouco crente, agora completamente rendida pela sua obra prima, vê-se a esperar sem uma ponta de dúvida, que nem um animal abandonado noite fora, num tão adequado restaurante chique e digno de quem é bem sucedido na vida, tal e qual como ela "gosta".

E quem falou em estaladas secas na cara?


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